RN é destaque nacional por causa da fome, seca e miséria na era Bolsonaro

Município de Santana do Matos, comunidade Quixaba I Foto: Alex Régis.

O Rio Grande do Norte é o estado do Nordeste mais afetado pela estiagem, de acordo com a Ana (Agência Nacional de Águas). Somando a seca, o desemprego e o aumento do preço dos alimentos, o resultado é o retorno a um desumano quadro de pessoas que voltaram a passar fome e que só comem carne quando encontram algum animal já agonizando, abatido de fraqueza. Antes, bois e vacas encontrados nessa condição eram deixados para os cachorros ou urubus. O relato foi feito pela jornalista Renata Moura em matéria especial para o jornal Folha de São Paulo, publicada nesta terça (7).

O Rio Grande do Norte não é o único a enfrentar essa situação. Em Fortaleza e em Santa Catarina, ossos que antes eram doados, voltaram a ser vendidos nos açougues e, no Rio de Janeiro, as cenas de famílias disputando ossos de boi ligaram o sinal de alerta sobre a situação de miséria da população no país.

Entre os relatos colhidos por Renata nas cidades de Senador Elói de Souza e São Paulo do Potengi, alguns moradores disseram receber por mês menos do que o preço de um botijão de gás. As famílias já não contam mais com o Bolsa Família e a renda vem da agricultura, que não tem prosperado diante do cenário de seca. Muitos têm sobrevivido com a doação de cestas básicas pela igreja.

De acordo com a Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas), são mais de 1 milhão de pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza, o equivalente a 38% da população potiguar. Algumas famílias aguardam direito a uma renda mínima pelo Bolsa Família, recentemente substituído pelo Auxílio Brasil, desde 2019. A titular da Sethas, Iris Oliveira, lembrou na reportagem que o Brasil tinha saído do mapa da fome em 2014, mas a situação começou a regredir em 2016, com o desmonte de políticas públicas.

Conversando com funcionário de um supermercado de Elói de Souza, Renata também constatou o aumento da procura por salsicha, ovos e pelanca de carne de primeira, que o supermercado da de graça. Por vergonha da situação de pobreza, muitos clientes pedem a gordura dizendo que é para o cachorro.

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